Cerca de 102 por dia: as denúncias por violência doméstica que chegaram, nos primeiros seis meses de 2025, à GNR e PSP totalizaram 18.396 queixas, relatou esta sexta-feira o jornal ‘Expresso’: ao todo, foram quatro denúncias por hora.
Segundo dados da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública, os casos no primeiro semestre representam uma subida de 25,8% face ao ano passado (14.617 denúncias) – é mesmo o valor mais elevado desde 2019.
“Estamos habituados a uma estabilização dos números ao longo dos últimos anos ou a pequenos aumentos”, apontou Frederico Moyano Marques, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). “Podemos estar perante o aumento real da violência doméstica, isso não podemos afastar. Temos vindo a explicar os números com a menor tolerância para o crime, mais denúncias.”
Nos casos em questão estão envolvidas 21.374 vítimas, na larga maioria do género feminino (cerca de 69%, o que perfaz 14.784 mulheres ou meninas): houve também 6.580 homens ou rapazes vítimas de violência doméstica, sendo que não há dados sobre as idades. Nos agressores, 79% dos casos são homens – a GNR e PSP identificaram e detiveram 13.158 homens no primeiro semestre do ano.
Até esta quarta-feira, estavam aplicadas pelo menos 1.662 medidas de coação relacionadas com violência doméstica, segundo a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, com cerca de um quarto (403) com a mais gravosa, a prisão preventiva. Há também 893 pessoas com vigilância eletrónica e 366 medidas de coação de proibição ou imposição de condutas sem vigilância eletrónica.
“Estes dados conjugados devem preocupar-nos, talvez importe olhar para outros fenómenos criminais e perceber se estamos também perante uma sociedade mais violenta”, concluiu Moyano Marques. “Tem havido uma evolução muito significativa no combate à violência doméstica. O sistema que está montado para prevenir e combater é robusto. O esforço tem sido feito e tem dado resultados.”













